Sou a presa perseguida pelo caçador.
Sou a escrava vendida ao outro senhor.
Sou a refém para resgate do criminoso.
Sou a refugiada de um país pantanoso.
Sou a formiguinha que obedece à rainha.
Sou a cabra-cega que não vê onde caminha.
Sou a inocente condenada à prisão.
Sou a religiosa durante o Ramadão.
Sou a ave no Verão sem nada para beber.
Sou a pobre mendiga sem nada para comer.
Sou a assaltada que acabaram de roubar.
Sou a forasteira que anda à procura de um lar.
Sou a miserável a quem o dinheiro some.
Sou a manifestante em greve de fome.
Sou a vagabunda que expulsaram do hotel.
Sou a namorada ansiosa pelo anel.
Sou o rio sem leito, sem água a correr.
Sou a maluquinha difícil de perceber.
Sou a sobredotada reprovada na escola.
Sou o ladrão coxo sem conseguir dar à sola.
Sou a artista frustrada que ninguém admira.
Sou o eterno apaixonado pela casada Alzira.
Sou o gordo gozado por todos os colegas.
Sou quem prova as comidas que já estão azedas.
Sou o estrangeiro que não sabe a linguagem.
Sou o mensageiro que perdeu a mensagem.
Sou o operário que perdeu o trabalho.
Sou o único macaco que não tem galho.
Sou a multada por excesso de velocidade.
Sou o aldeão que nunca entrou na cidade.
Sou o drogado sem droga p´ra consumir.
Sou a perseguida que continua a fugir.
Sou o intelectual que ficou sem resposta.
Sou o jogador de poker que perdeu a aposta.
Sou o santo que não foi beatificado.
Sou o vencedor nunca homenageado.
Sou o prato da ementa que não levou sal.
Sou o acusado num processo de tribunal.
Sou o tímido corado perante a multidão.
Sou o trabalhador agora sem profissão.
Sou a criança a quem não compram o brinquedo.
Sou o noctívago que amanhã acorda cedo.
Sou a peça de roupa que já perdeu a cor.
Sou o coração onde não mora o amor.
Sou o motorista que não sabe o caminho.
Sou o alcoólico que já bebeu todo o vinho.
Sou o morador restante da ilha deserta.
Sou o café sem cafeína que não desperta.
Sou a maçã solitária que ninguém apanhou.
Sou o órfão p´ra adopção de quem ninguém gostou.
Sou o telemóvel que ficou sem bateria.
Sou a que ficou a tirar a fotografia.
Sou a útil inútil inutilizada.
Sou a pedra que te fez tropeçar na calçada.
2 comentários:
dasse, vai lá vai isso deve ser falta de trabalho!
és mta coisa!!! isso até serve pó cv! =P
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