Professores das escolas portuguesas foram escolhidos aleatoriamente para responder a um inquérito via e-mail. A pergunta foi "O que vai fazer para melhorar a escola?".
As respostas são boas indicações do descontentamento dos professores relativamente às políticas educacionais do governo. Esta pergunta estava mesmo a pedi-las! Vejamos algumas belas respostas, das mais representativas desse descontentamento consensual.
"Com um governo a expor-me como "a Doença a Tratar da Escola Pública" é muito difícil estar motivado para algo mais. Tentarei sorrir, talvez…Maurício Brito, 38 anos, professor de Educação Física do ensino secundário
Fazer o contrário do que a equipa ministerial pretende e ensinar literatura aos meus alunos, conduzindo-os a um sucesso real nos exames nacionais. Fátima Inácio Gomes, 40 anos, professora de Português, secundário
Este ano, para melhorar a minha escola, irei percorrer mais de 120 quilómetros diários... José Paulo Santos, 39 anos, professor de Português e Francês, no 3º Ciclo e Secundário
Vou trabalhar pensando que devo exigir o respeito, a dignidade, as condições de trabalho para toda a classe docente, que se perderam pelas péssimas políticas que temos tido, não compactuando com o facilitismo, com a estatística e com o folclore. Maria da Glória Costa, 47 anos, professora do 3º Ciclo e Secundário
Esforçar-me-ei no sentido de influenciar a classe docente e os eleitores em geral, de molde a que seja possível, já em 2009, varrer da condução da política educativa do país um funesto conjunto de personagens, que fizeram da arrogância incompetente o seu modus operandi. Octávio V Gonçalves, 45 anos, professor de Filosofia, Psicologia e Área de Projecto, secundário
Neste país (e Escola) de fantasia, pretendo melhorar estatísticas e aprovar, com nota máxima, todos os alunos!!! João Cristiano Cunha, 34 anos, professor de Educação Musical, 2.º Ciclo
Querem afogar-me em papeis mas vou nadar contra a corrente para continuar a ENSINAR e APRENDER. Fernanda Carvalhal, 56 anos, professora de Matemática, secundário
Durante este ano vou trabalhar como se a Ministra da Educação não existisse; vou ser simplesmente professor. António Marcos Tavares, 53 anos, professor de Filosofia, secundário.
Este ano lectivo vou ensinar e educar os meus alunos como sempre, utilizando os poucos meios disponíveis, sacrificando a minha vida pessoal e familiar, faço 300 km diários, fazendo o melhor que puder e dando tudo de mim porque adoro-os. Tiago Soares Carneiro, 33 anos, professor de Educação Física, 3º ciclo
Este ano concentrarei os meus esforços na desconstrução do modelo de avaliação do desempenho docente, do novo modelo de gestão, do estatuto do aluno, em particular, e do Governo, em geral – por uma escola melhor! Margarida Correia, 43 anos, professora de Português, secundário
Lamentavelmente, menos do que o que fiz em cada um dos meus 20 anos de serviço. Vou estar ocupada com o processo excessivamente burocrático e inadequado da avaliação de professores. Teresa Ferreira, 42 anos, professora de Matemática, 3ºciclo e secundário
Apesar de todos os desmerecimentos, condicionantes e imposições laterais à minha actividade, procurarei arranjar tempo para cumprir a minha verdadeira missão. Ana Magalhães, professora de Geografia, 3º ciclo
Nada, pois não consigo descontaminá-la do Governo! Paulo Carvalho, 38 anos, professor de Educação Visual e Tecnológica, 2.º ciclo
Desburocratizar... burocracia, do francês bureaucratie: modo de administração em que os assuntos são resolvidos por um conjunto de funcionários sujeitos a uma hierarquia e regulamento rígidos, desempenhando tarefas administrativas e organizativas caracterizadas por extrema racionalização e impessoalidade, e também pela tendência rotineira e pela centralização do poder decisivo... Alexandre Santos, 30 anos, professor de Educação Visual e Tecnológica, 2ºciclo
Vou fazer o que sempre fiz e mais uma coisinha: lutar, com todas as minhas células, para derrubar esta política educativa e os seus macabros protagonistas! Luís Costa, 48 anos, professor de Português e Francês, básico e secundário
Vou Votar no PSD! Ricardo Silva, 38 anos, professor do 3ºciclo e secundário
No meio do ambiente burocratizado, facilitista, anti-democrático e desajustado em que o Ministério da Educação colocou a escola pública, vou tentar dar (boas) aulas. Jorge Freixial, 46 anos, professor de Educação Visual e Oficina de Artes, 3.º ciclo
Este ano vou ignorar a ministra para melhorar a escola. Maria Barros, 41 anos, professora de XXX, 3º ciclo e secundário
Durante o ano lectivo vou almoçar diariamente com a presidente do executivo para ter excelente na avaliação (com professores excelentes a escola melhora). Marco Pereira, 38 anos, professor de Educação Física, 2º Ciclo.
Uma vez que, mais um ano não tenho escola, vou procurar uma que me deixe melhorá-la, quer seja nas AEC's ou mesmo em apoio extra-escolar aos seus alunos, sim porque um lugar cativo não me é permitido, pois ainda não sou sócia de clube de futebol, caso contrário já teria um dragon seat ! Carla Sofia Coelho, 25 anos, professora de 1.º ciclo
Para melhorar a escola, vou: planificar, preparar, dar aulas, preencher papelada inútil, organizar visitas de estudo e actividades, elaborar, imprimir e corrigir testes em casa, ir a reuniões fora do meu horário de trabalho, convocar e presidir a reuniões do Conselho Geral Transitório, receber encarregados de educação, tirar faltas, abrir livros de ponto, fazer matrículas e turmas, dialogar pacientemente com os avaliadores (esta é nova), fazer relatórios, classificar exames nacionais, fazer fichas para os alunos com mais dificuldades, ser conselheiro e confidente dos alunos, ler a legislação contraditória da ministra com paciência... Felizmente vou continuar sem ter de escolher manuais por causa da confusão da TLEBS. Jorge Almeida, 35 anos, professor de Língua Portuguesa, 3.º Ciclo
Este ano vou dar aulas como sempre dei mas vou ter que engolir muito mais “sapos” vivos a bem da nação. Luísa Lopes, 53 anos, professora de Português e Francês, 3º ciclo e secundário
Enquanto o papel de professor como pessoa que transmite conhecimento não for definido e assimilado pelo Ministério da Educação, a única coisa que pode ser melhorada, será o aspecto gráfico das toneladas de relatórios desnecessários preenchidos pelos professores. Com que utilidade? José Augusto Oliveira Peito, 29 anos, professor de Físico-Química, 3º Ciclo
Nada! Este ano não vou poder fazer nada para melhorar a escola. Devo esclarecer que isso não me orgulha. É, pelo contrário, muito decepcionante. Gostaria imenso de poder contribuir para a melhorar, mas a verdade é que ela, depois da corajosa reforma educativa por que passou recentemente, está absolutamente perfeita e, portanto, teoricamente indisponível para aceitar qualquer melhoria…João de Miranda Maranhão, 57 anos, professor de Inglês, secundário
Terei que lutar, fazer greve, em defesa da Escola Pública democrática. António Ramos, 54 anos, secundário
Temo que nada. Continuarei a dar o meu melhor como sempre o fiz, mas sinto que as minhas energias serão consumidas no processo burocrático da avaliação de 91 docentes de um departamento pelo qual sou responsável. E.Videira, 57 anos, Matemática e Ciências Experimentais, secundário
Lutarei pela criação de condições na Escola pública que permitam a formação de seres pensantes e com capacidade de amar, contra a escola dos robôs, pela retirada de todas as contra-reformas da União Europeia e da assinatura dos dirigentes sindicais do “Memorando de entendimento” assinado com o Ministério da Educação. Carmelinda Pereira, 60 anos, professora do 1º Ciclo
Impedir que as trapalhices burocráticas se transformem em armadilhas pedagógicas.
(A ideia é alertar para as bizarrias, incongruências e erros do Estatuto do Aluno, do novo Regime de Autonomia e Administração das Escolas e da avaliação do desempenho dos professores). Carlos Machado, 38 anos, professor de Português, secundário
Talvez mentir, talvez mentir..." Teresa Figueiredo, 44 anos, professora do 3.º ciclo e ensino secundário
Aperfeiçoar o actual modelo de avaliação de desempenho dos professores de modo a que, já que ele veio para ficar, se minimizem os prejuízos para a autonomia profissional dos professores e para os resultados dos alunos. Francisco José Alves Teixeira, 41 anos, professor de Filosofia, secundário."
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2 comentários:
Palmas!!
no meu friogrifico ainda está o autocolante com a cara da ministra e o carimbo "chumbada!"
Palmas!!
no meu friogrifico ainda está o autocolante com a cara da ministra e o carimbo "chumbada!"
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