quarta-feira, 11 de junho de 2008

Governo (0) - Selecção Nacional (15)

Já que o mais provável hoje é eu não ver o jogo de Portugal, cá vai o meu grito de força e confiança (??!!). POOORRRTUUGAAALL!!! Já está.
Se não fizesse isto acusavam-me de não ser patriota... Hoje em dia, toda a gente que é gente vê os jogos da selecção. Quem não vê é porque não se interessa pelos assuntos do país. Ou porque está a trabalhar - se bem que português que é português consegue sempre dar um jeitinho para ver, pelo menos, alguns lances do jogo, e, se não o fizer, é porque é "otário".
Eu, por acaso, até sou daquelas que vibra com os jogos da selecção. Desperta-me outro tipo de emoções e adoro comentar os jogos, chamar de nomes ao árbitro, etc, etc. Mas é incrível como há muitos mais portugueses a acreditar na selecção de futebol do que nas políticas de redução do défice, de educação ou de saúde. Já se fosse desinteresse perante o nova lei se-lá-do-quê, ninguém se importava. Em vez de um motivo de orgulho, isto devia ser um motivo de tristeza.
Ora vejamos. Há 28 equipas qualificadas. Isto significa que, depois da selecção nacional ter sido qualificada, tem 1/28 hipóteses de ganhar. Quanto às apostas do governo, eles escolhem sempre 3 ou 4 hipóteses e, dessas, optam por uma. Supostamente teriam cerca de 1/4 de hipóteses de escolher a certa. Muito mais probabilidades do que as que Portugal tem de ganhar o Euro 2008. Mas temos tendência a acreditar é na selecção.
Outra coisa que acho piada é que, no que toca a decisões do governo, dizemos sempre coisas do género: "eles decidiram" - o governo decidiu, sem nos consultar - ou "vai passar a acontecer isto assim" - como se tivesse acontecido sem que ninguém interferisse, como uma coisa que meramente "aconteceu!". Quando falamos da selecção nacional, há aqui uma grande transformação: "ganhámos, pá" - nós, não os jogadores da selecção sozinhos, mas todos nós.
Nem fui eu que fui ao campo marcar o golo nem fui eu que fui à Assembleia da República tomar parte de qualquer decisão. A distinção da maneira como se fala de uma coisa e de outra não devia acontecer. Ou, se acontecesse, o que será mais importante? (não desfazendo claro, a importância de nenhum dos assuntos) A saúde, a educação, a economia, a cultura, a administração interna, todas as pastas do governo têm um papel primordial no país. O resto vem por acréscimo, não? Mas é nos assuntos da selecção nacional que nós mais interferimos, tanto que até nos sentimos parte dela.
Hoje, como não sou patriota - e não sou mesmo, até nem me importava nada que Portugal ainda fizesse parte da Espanha, se isso me desse melhores condições de vida - e porque tenho imensas coisas para fazer, não vou ver o jogo. E digo isto a medo, como se de um crime se tratasse, sentindo já os olhares reprovadores da sociedade e os comentários que me excluem do grupo de portugueses. Prometo que vou tentar ver o jogo! Mas, e se não vir? Quais são as punições?? :D

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